Meninas de favela do Rio correm atrás dos sonhos na ponta dos pés

Bailarina do Complexo do Alemão ensina meninas a dançarem na quadra de esportes do Morro do Adeus. Agora o grupo está construindo seu próprio espaço. Meninas de favela do Rio correm atrás dos sonhos na ponta dos pés Do Rio de Janeiro, os repórteres Rogério Lima e Danilo Vieira mostram uma história de esperança. Eles foram conhecer um grupo de meninas, moradoras de uma favela, que não desistiram de um grande sonho. Por mais que haja sol lá fora, quando alguém vive sem conseguir dizer quem é parece que vive na sombra. “Eu já tive muita vergonha de dizer de onde eu sou. Já tive vergonha de dizer que eu era do Complexo do Alemão, da favela. Quando você fala que é do complexo ou de alguma comunidade, já te olham com receio ou com dó”, disse Tuany Nascimento, professora de dança. A bailarina do Alemão vivia de dançar, mas como o negócio andava complexo, largou a dança e foi trabalhar de jovem aprendiz num escritório. “Como era meio período, no tempo que me restava eu ia para a quadra e treinava. A única que a gente tem no Morro do Adeus. É uma quadra poliesportiva, onde os meninos jogam futebol e eu ficava lá”. Ficava lá dançando sozinha, até que apareceu um pequeno grupo de pequenas curiosas. Em seis anos, 180 meninas passaram pelo Na Ponta dos Pés. Diante das poucas possibilidades que a favela oferece o espaço até que não é mau. Durante muito tempo foi o melhor que elas puderam ter. Acontece que as meninas do Morro do Adeus estão evoluindo, estão virando verdadeiras bailarinas, e a quadra de futebol não tem o que toda bailarina precisa ter. Sem ter como pagar por um espaço melhor, as meninas correram a sapatilha e fizeram uma vaquinha. Mas como o dinheiro só deu para o material, elas decidiram botar a mão na massa. “As meninas ajudaram a carregar material, eu aprendi a virar massa, carregar areia, bloco, participamos de todo o processo de construção”. A parte mais pesada fica por conta dos mais crescidos: o tio e os primos da Tuany. A mãe dela doou o terreno. A nova sede virou uma causa de família. “A gente vai ter uma sala enorme, linda, com uma pequena copa, um vestuário e, na parte do balé, espelho, barra, um chão maravilhoso, a nossa parede com a nossa oração e essa vista linda da comunidade”. Logo, logo está toda pronta e todos aqui serão bem-vindos. “Eu quero que esse espaço seja um espaço para todos, onde não só a favela se sinta acolhida”. Tijolo por tijolo, mais que um desenho mágico, um desenho próprio. A casa é origem, identidade, a casa é afirmação. “Quem vocês são? Nós somos bailarinas. De onde vocês vêm? Do Morro do Adeus. Qual o seu nome? Na Ponta dos Pés.” É o canto de guerra das meninas.


Fonte: G1

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