Chevron, BHP e Occidental Petroleum investem em startup que promete remover carbono da atmosfera
Combater o aquecimento global é um dos principais desafios das empresas, principalmente das que atuam no setor de energia. E, diante da urgência por mudanças, grandes companhias travam uma batalha pelo desenvolvimento de combustíveis renováveis, que possam substituir parcial ou totalmente os derivados de petróleo — principais poluentes da atmosfera.
Neste ano, Chevron, Occidental Petroleum e a gigante australiana de mineração BHP foram além da pesquisa por novas fontes de energia. Investiram na Carbon Engineering, pequena empresa canadense que pode realizar um feito inédito: remover carbono da atmosfera.
Em seu projeto piloto em Squamish, uma antiga cidade madeireira a 50 km de Vancouver (Canadá), a empresa está usando um enorme ventilador para sugar uma grande quantidade de ar e extrair o dióxido de carbono (CO2). O gás, então, poderia ser enterrado ou convertido em combustível limpo, ainda que esta última opção seja cara atualmente.
Os custos de produção podem chegar a US$ 4 por galão de dióxido de carbono devido à complexidade da operação, segundo a Carbon Engineering — para efeito de comparação, o preço médio do galão de gasolina nos Estados Unidos é hoje de US$ 2,70. Apesar da diferença, a alternativa ainda pode ser atraente para países que gastam dezenas de bilhões de dólares em importações de petróleo, como Índia e Japão.
Investir em iniciativas para a redução de carbono é um dos esforços da indústria de combustíveis fósseis para se manter relevante e lucrativa em um mundo em aquecimento.
Com carros elétricos e energia solar e eólica cada vez mais acessíveis, os executivos reconhecem que permanecer em seus negócios tradicionais pode colocar as empresas em risco.
Além disso, as empresas de combustíveis fósseis já enfrentam uma enxurrada de ações judiciais, decisões de investidores e restrições legislativas que as forçam a investir mais em energia limpa. Grupos de defesa do meio ambiente também pressionam empresas e parlamentares a manter o petróleo e o gás natural no solo.
"Trata-se de reconhecer que a mudança climática representa riscos significativos para todos os setores econômicos", disse Fiona Wild, vice-presidente de sustentabilidade e mudança climática da BHP ao The New York Times, sobre o investimento de US$ 6 milhões da empresa na Carbon Engineering.
O projeto piloto da startup é um dos diversos empreendimentos para captura de dióxido carbono que estão sendo testados no mundo. Apesar de a tecnologia ainda ter pouco impacto, seus defensores dizem que ela pode desempenhar um papel importante na prevenção de mudanças climáticas.
Grande parte do trabalho da Carbon Engineering é feito em um antigo depósito industrial, uma estrutura antes usada por uma empresa que fabricava produtos químicos para a indústria de celulose. Nenhum carbono está sendo retirado da atmosfera permanentemente ainda porque a startup permanece está em fase de testes.
A Chevron e a Occidental, que integram o conselho de administração da Carbon Engineering, recusaram-se a divulgar seus investimentos. A startup diz que arrecadou US$ 68 milhões em sua mais recente rodada de investimentos para expandir o piloto e desenvolver sua primeira fábrica comercial.
Críticos das empresas de combustível fóssil dizem que esses investimentos são tão modestos que mais parecem um "golpe de relações públicas".
"Isso é irrisório para as empresas", diz Dan Becker, diretor da campanha Safe Climate, uma organização ambientalista em Washington.
Mas outros especialistas discordam. "Se o dinheiro está sendo gasto em pesquisa e desenvolvimento de novas formas de retenção de carbono, isso é uma coisa boa", afirma Dieter Helm, professor de política energética da Universidade Oxford.
O investimento da indústria petrolífera no setor também é uma questão de sobrevivência. Caso haja uma emergência climática global aguda, as companhias terão de investir mais e os governos provavelmente terão de intervir para acelerar a remoção do carbono da atmosfera. E, neste cenário, o custo poderá chegar a trilhões de dólares.
Fonte: Globo
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