Por que CEOs e CIOs devem se aproximar cada vez mais
Em sua 21ª edição, o IT Forum, encontro realizado entre empresas que investem mais de R$ 60 milhões por ano em inovação, decidiu discutir a importância do diálogo entre tecnologia e business no ambiente das grandes companhias. Para falar sobre o tema, subiram ao palco executivos do gabarito de Ricardo Guerra, CIO do Itaú Unibanco, Denise Soares dos Santos, CEO da BP (Beneficencia Portuguesa), José Luiz Rossi, CEO do Serasa Experian, Pablo Di Si, presidente da Volkswagen América Latina, e Daniel Castanho, presidente da Anima Educação.
Por ser um evento voltado para CIOs (gerentes, diretores ou superintendentes de TI), Guerra deu início a sua fala com uma provocação: o CIO precisa sair do data center e sentar na mesa com o CEO para tomar as decisões juntas em prol da empresa. “Não tem caminho fácil, mas o sucesso do país está atrelado à corrida tecnológica”, afirma. O executivo do Itaú Unibanco está longe de ser o único a pensar sozinho.
Segundo Denise, a questão se tornou tão relevante dentro da Beneficênca Portuguesa que diz ela até ter cortado o cargo de CIO da empresa - levando parte da plateia ao choque imediato. “A TI é só um ‘pedaço’ do T. Nós integramos essa área com a de negócios, porque tecnologia tem que estar no primeiro nível da organização”, diz a executiva.
Castanho concorda com os dois - e vai além. Ele define a relevância do CIO como a mais quente do momento. Ele, empresário da área de educação, lista de maneira professoral sua visão de conjuntura. “Na década de 1980, o CEO representava produtividade. Em 1990, a globalização gerou um salto nas áreas de marketing. Nos anos 2000, recursos humanos vieram com tudo, em busca das pessoas ideais para os negócios. Agora, acho que entra o CIO”, afirma.
Para o presidente da Anima Educação, as empresas do futuro serão obrigadas a se transformar digitalmente. E isso só vai acontecer se todas as áreas estiverem bem afinadas com o setor de tecnologia. “Temos que redesenhar as nossas empresas juntos. O CIO vai ter que chutar a canela do CEO e pressionar para isso dar certo”, diz. Di Si, da Volkswagen, vê o Brasil passar de uma revolução física para o virtual, por isso defende que haja investimento em pessoas, acima de tudo. “O importante não deve ser a tecnologia, mas o conhecimento que ela traz.”
Rossi, diretamente responsável pela transformação digital pela qual a Serasa Experian passou nos últimos dois anos, reforça essa ideia. Para o CEO, retenção tem sido um dos grandes desafios da transformação digital das empresas. “Perdemos cientistas de dados para todo mundo, porque a competição não é local. Precisamos investir em um ambiente provocador, estimulante e que motive talentos a ficar no Brasil”, diz.
Por isso, Guerra defende que CIOs tomem a frente do movimento de inovação no país - sem esperar o convite de nenhum outro C-level. “Precisamos assumir essa posição de protagonista e influenciador.” Se não, empresas deixarão de ser competitivas, talentos serão exportados - quando produzidos - e o Brasil deixará de prosperar na velocidade que merece, aponta o CIO do Itaú Unibanco. “É preciso extrair valor para a sociedade.”
*O jornalista viajou a convite do IT Forum 2019
Fonte: Globo
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