Mobilidade inteligente tem tecnologia, mas experiência humana é o centro

Avanços na tecnologia tiveram impacto direto em melhorias no trânsito (Foto: Thinkstock)

 

Tecnologia é a primeira palavra que vem à mente quando se fala em cidade inteligente. Mas não é bem assim. Espalhar sensores pela cidade, afirma Roberto Cardoso, fundador da empresa de mobilidade urbana Scipopulis, não é viável e nem inteligente. Em vez disso, o empreendedor aconselha usar o cidadão como fonte de informação. “Por exemplo, por meio de dados dos percursos e demandas de patinetes e bicicletas, você sabe onde a infraestrutura precisa ser melhorada, em vez de equipar todas as calçadas com sensores”, explica.

A discussão foi feita durante o 1º Summit Grow de Segurança e Convivência na Micromobilidade, realizado hoje (03/05) em São Paulo. O evento reuniu empresas, organizações e órgãos públicos para discutir as mudanças urbanas necessárias para o desenvolvimento de transportes como bicicletas e patinetes.

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Segundo Ariel Lambrecht, cofundador e diretor global da Grow, fusão da Yellow e Grin, a tecnologia tem de ser usada para aproximar as pessoas e aumentar sua interação com a cidade. Seja pela micromobilidade, incentivando meios de transportes sustentáveis, seja usando semáforos inteligentes para melhorar o tráfego. “Uma cidade inteligente é uma cidade onde as pessoas gostem de estar”, afirma.

Todas as atividades urbanas geram dados que podem ser usados de forma a melhorar o dia a dia dos cidadãos. Por exemplo, em 2014, a prefeitura de São Paulo disponibilizou os dados dos ônibus, em uma iniciativa chamada Mobilab. As informações resultaram em novos negócios e serviços para o público, como aplicativos que dão informações sobre as linhas, com horário e localização dos coletivos. A tecnologia ainda foi usada para benefícios de longo prazo. “Cada ônibus tem um sensor, pudemos coletar esses dados e levar para a prefeitura planejar um trânsito mais viável”, relembra Roberto.

Falta de dados não é problema, mas falta saber como usá-los e fazer essa interligação com medidas práticas. Ariel diz que a Grow vive essa situação. Sabe, por exemplo, exatamente onde há buracos nas ciclovias e calçadas das cidades onde atua. Mas falta conectar esses dados com o setor público.

O CEO da Grow, Marcelo Loureiro, conta que a empresa planeja compartilhar essas informações com governos locais para guiar investimentos em infraestrutura. “Ao incluir patinetes e bikes em todas as áreas da cidades, teríamos dados para mostrar aos governantes onde há demanda”, explica ele à Época Negócios.

Usar os dados de forma mais estratégica também ajuda a convencer as pessoas a adotar outros meios de transporte mais sustentáveis. “Se a prefeitura investe de maneira inteligente em ciclovias, as pessoas começam a mudar sua percepção e a ver vantagens para elas próprias em adotar meios de transporte mais sustentáveis e que contribuam para uma cidade inteligente”, afirma Roberto.




Fonte: Globo

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