Emergências do Rio já receberam mais de 1,3 mil baleados este ano
Desde 2017, são mais de dez mil vítimas de perfuração por arma de fogo. Especialistas consideram que a situação do Rio de Janeiro é parecida com alguns países em guerra. Emergências do Rio já receberam mais de 1,3 mil baleados este ano As unidades públicas de saúde do Estado e do município do Rio de Janeiro atenderam 10.159 vítimas de perfuração por arma de fogo, desde 2017. Foram 5.632 atendimentos a pessoas baleadas pelas unidades da Secretaria Estadual de Saúde e 4.527 pela Secretaria Municipal de Saúde (até abril de 2019). Neste ano, somente a rede estadual socorreu sete baleados por dia (até abril) ou um a cada três horas. Foram 842 atendimentos. Já no ano passado e em 2017, foram seis por dia, ou mais de dois mil atendimentos por ano. As unidades que receberam o maior número de casos foram o Hospital Adão Pereira Nunes (249), em Duque de Caxias, o Getúlio Vargas (214), na Penha, Zona Norte, e o Alberto Torres (218), em São Gonçalo. Já a rede municipal de saúde atendeu cinco baleados por dia (até março deste ano) ou um a cada quatro horas. Foram 518 atendimentos. Em 2018, foram quatro por dia. Em 2017, seis por dia. Muitos especialistas consideram que a situação do Rio de Janeiro é parecida com alguns países em guerra. No Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, na Zona Sul, nos três primeiros meses de 2019, foram 40 baleados. Uma média de 13 por mês. Os calibres das armas que atingem as pessoas que chegam por lá assustam. Em muitos casos, as vítimas são alvos de fuzis, pistolas 9 mm e outras armas de alta velocidade. A unidade hospitalar fica perto de grandes comunidades, como Rocinha e Vidigal. "Raramente a gente pega um 38. Como a gente pega muitas pacientes vítimas com arma de fogo das comunidades, de guerra, praticamente uma guerra urbana que a gente tem aqui, a gente não tem esse tipo de armamento. A gente encontra mais fuzil mesmo", contou Henrique Phillips, cirurgião geral do Miguel Couto. Os profissionais de saúde do Rio já sabem que no momento que acontecem tiroteios nas regiões próximas, a orientação é ativar o protocolo para múltiplas vítimas. A partir desse sinal, entram em alerta cirurgiões, enfermeiros, maqueiros e toda a equipe de trauma. "A gente nunca sabe. Nesses confrontos, as vezes, são umas guerras que acontecem. Então podem chegar algumas vítimas, ou um número considerável e toda a equipe tem que tá a postos pra isso", contou Cristiano Chame, diretor do Miguel Couto. Esses profissionais lidam todos os dias com situações extremas e, apesar disso, não estão afastados do desgaste mental. Glauce Correa, psicóloga da medicina de emergência, alerta que as longas jornadas de trabalho e o contato direto com o resultado da violência, pode abalar esses profissionais. "Quando a gente recebe um profissional da medicina de emergência, qualquer membro da equipe, muitas vezes eles não vêm por conta própria, eles vêm encaminhados. E quando chegam aqui já estão todos com sintomas depressivos, ansiosos. Já pegamos bastantes com ideação suicida", explicou Glauce Correa.
Fonte: G1
Fonte: G1
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