Site divulga novo diálogo atribuído a Moro em que ele diz ser questionável investigar FHC 'pois melindra alguém cujo apoio é importante'

Conversa foi com o coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol. Ambos falavam sobre suspeita de que o ex-presidente tivesse recebido caixa dois em 1996, revelada em delação da Odebrecht. O site Intercept publicou na noite desta terça-feira (18) novas mensagens atribuídas ao então juiz Sérgio Moro e a procuradores da Operação Lava Jato. O diálogo, segundo o site, teria ocorrido em 13 de abril de 2017, um dia depois de o Jornal Nacional ter veiculado uma reportagem a respeito de suspeitas contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A reportagem citada pelo site foi publicada pelo JN de 12 de abril e trouxe a delação de Emilio Odebrecht, que contou ter pago caixa dois às campanhas de 1993 e de 1997 de FHC. Segundo o site, as mensagens atribuídas a Moro e Dallagnol revelariam que o então juiz discordou de investigações sobre o ex-presidente FHC na Lava Jato porque "não queria melindrar alguém cujo apoio é importante". O diálogo publicado pelo Intercept começa com uma mensagem atribuída a Moro e dirigida a Dallagnol. Eles conversam sobre o caso envolvendo FHC, que havia sido encaminhado de Brasília, onde tramitava, para a Lava Jato de São Paulo. Moro – 09:07:39 – Tem alguma coisa mesmo séria do FHC? O que vi na TV pareceu muito fraco? Moro – 09:08:18 – Caixa 2 de 96? Dallagnol – 10:50:42 – Em pp [princípio] sim, o que tem é mto fraco Moro – 11:35:19 – Não estaria mais do que prescrito? Dallagnol – 13:26:42 – Foi enviado pra SP sem se analisar prescrição Dallagnol – 13:27:27 – Suponho que de propósito. Talvez para passar recado de imparcialidade Moro – 13:52:51 – Ah, não sei. Acho questionável pois melindra alguém cujo apoio é importante A Justiça Federal arquivou em 5 de julho de 2017 a investigação sobre FHC baseada na delação da Odebrecht. O juiz acolheu pedido do Ministério Público Federal, que pediu arquivamento argumentando que o crime prescreveu. Ao Intercept, a força-tarefa da Lava Jato informou não haver ilegalidade nas trocas de mensagens. A Procuradoria Geral da República não se manifestou ao site. O atual ministro da Justiça e ex-juiz Sérgio Moro respondeu, de acordo com o Intercept, que ele "não comenta supostas mensagens de autoridades públicas colhidas por meio de invasão criminosa, que podem ter sido adulteradas e editadas e que sequer foram encaminhadas previamente para análise. Cabe esclarecer que o caso supostamente envolvendo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso nunca passou pelas mãos do Ministro, então juiz da 13 Vara Federal de Curitiba, sendo encaminhado diretamente pelo Supremo Tribunal Federal a outros fóruns de justiça. Então, nenhuma interferência do então juiz seria sequer possível e nenhuma foi de fato feita”. O Ministério Público Federal em Curitiba informou que “a divulgação de supostos diálogos obtidos por meio absolutamente ilícito, agravada por um contexto de sequestro de contas virtuais, torna impossível aferir se houve edições, alterações, acréscimos ou supressões no material alegadamente obtido.” A Lava Jato avalia que diálogos inteiros podem ter sido “forjados pelo hacker”. “Um hackeamento ilegal traz consigo dúvidas inafastáveis quanto à sua autenticidade, o que inevitavelmente também dará azo à divulgação de fake news”. Ainda segundo o Intercept, os procuradores do MPF sustentam haver uma “uma agenda político-partidária” nas reportagens. Ao Intercept, o ex-presidente disse, por meio de sua assessoria, que não teve conhecimento de nenhum inquérito ou denúncia relacionados à delação de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobrás. Também afirmou desconhecer as menções sobre seu filho e a compra de votos nas eleições – por isso, “não sabe se teriam resultado em investigação ou denúncia”. A única confirmada pelo ex-presidente foi a investigação que terminou arquivada. Initial plugin text


Fonte: G1

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