Com menos de um mês no Brasil, Norwegian cogita criar subsidiária e iniciar voos domésticos no país

Boeing 787 Dreamliner da Norwegian, modelo que faz a rota Londres-Rio de Janeiro desd eo início de abril (Foto: Divulgação)

 

Primeira companhia aérea a operar voos do Brasil para a Europa sob o modelo low cost — em que os voos são oferecidos com baixas tarifas, mas sem serviços como escolha prévia de assento e alimentação, que devem ser pagos à parte —, a Norwegian Air está otimista com seu futuro no país. Com a rota Rio de Janeiro-Londres funcionando desde o início de abril, a empresa já estuda seus próximos passos nos céus brasileiros.

Esse futuro deverá incluir novos destinos por aqui a partir da capital inglesa e a criação de uma subsidiária brasileira para operar trechos domésticos no país, a julgar pelo que diz o vice-presidente de vendas e distribuição da aérea, Lars Sande.

“Até agora o desempenho dessa rota tem sido muito bom. Não são apenas brasileiros e ingleses que a usam, mas também pessoas de outros países que utilizam esses aeroportos como pontos de conexão”, afirmou Sande, em entrevista a Época NEGÓCIOS durante passagem pelo país. Ele veio ao Brasil para um workshop com representantes da indústria do turismo que teve como objetivo apresentar o modelo de operação e distribuição de passagens da Norwegian.

Sande usou a experiência da companhia na Argentina para ilustrar os possíveis caminhos futuros no Brasil. Operando com a rota Buenos Aires-Londres desde setembro de 2018, a Norwegian rapidamente passou a oferecer também trajetos domésticos entre cidades como Córdoba, Mendoza e Bariloche, tornando-se uma concorrente local. Hoje, os voos Londres-Rio são operados pela Norwegian Air UK, unidade britânica do grupo.

Sem confirmar diretamente os planos para o Brasil, Sande diz que esse costuma ser o roteiro da companhia ao entrar num novo mercado. “Acho que é definitivamente um caminho possível (abrir uma subsidiária brasileira), se vermos que a rota de Londres está indo bem.  Abriria muitas portas para nós”.

Esse tipo de iniciativa ficou mais fácil de se tornar realidade após a Medida Provisória (MP) que permitiu a companhias aéreas brasileiras ter 100% de capital estrangeiro em sua composição acionária (antes o limite era de 20%). Para continuar valendo, no entanto, a MP precisa ser aprovada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado até 22 de maio — algo que ficou mais próximo com a aprovação do texto, hoje (25/04), pela Comissão Mista criada no Congresso para avaliar a matéria.

O voo da Norwegian para o Rio de Janeiro, hoje com frequência de quatro vezes por semana, já está programado para se tornar diário a partir do ano que vem. Sande não fala sobre as regiões visadas para uma eventual expansão da empresa no país, mas diz “estar observando” as oportunidades que se apresentam, inclusive em relação ao imbróglio que envolve o leilão das posições de decolagem e aterrissagem (slots) da Avianca Brasil nos aeroportos brasileiros.

Marcado para o dia 7 de maio, o leilão tem as aéreas Gol e Latam como favoritas para se beneficiar da venda dos ativos. Ambas firmaram um acordo conjunto com os credores da Avianca para ficar com parte dos ativos, o que fortaleceria suas operações no cenário nacional.

A Azul se retirou da disputa acusando as concorrentes de atuarem em conjunto para barrar seu crescimento em importantes terminais como Santos Dumont (RJ) e Congonhas (SP). Depois, o Cade criticou o cenário em que Gol e Latam dividiriam entre si a maior parte do espólio da Avianca Brasil, dizendo que o melhor seria que outras empresas ficassem com partes relevantes dele.

Classe econômica do Dreamliner da Norwegian (Foto: Divulgação)

 



O VP da Norwegian acredita que, com suas tarifas abaixo da média — os voos para Londres a partir do Rio podem ser encontrados geralmente a partir de R$ 1,2 mil —, a companhia aérea poderia melhorar a competitividade geral do mercado brasileiro de aviação, classificado por ele como “pouco maduro”.

“Quando se atua em rotas curtas na Europa, a competição é muito dura. Vindo de lá para novos mercados com uma frota jovem como a nossa, e preços mais baixos, trazemos uma vantagem para o mercado e benefícios para os passageiros. Outras empresas talvez precisem baixar suas tarifas uma vez que a gente tenha mais voos. No longo prazo, é ótimo para todo mundo”, afirma.

737 MAX de volta em julho


Qualquer expansão da operação da Norwegian, no entanto, depende de a empresa ter aviões disponíveis para isso. E, tendo uma frota de 170 aeronaves composta exclusivamente por Boeings, a aérea tem sido obrigada a fazer adaptações desde que seguidos acidentes com o modelo 737-MAX 8 fizeram com que todas empresas que utilizam essas aeronaves tenham suspendido os voos com elas por questões de segurança.

A Norwegian tem 18 aviões 737 MAX 8, considerado um dos modelos mais eficientes para rotas curtas e médias — como as que a empresa poderia operar em voos domésticos no Brasil. Sem poder usá-los, a aérea fez realocações na frota enquanto, segundo Sande, “conversa diariamente” com a fabricante americana sobre a evolução das correções de software que estão sendo realizadas.

O Boeing 737 Max-8 tinha 157 pessoas a bordo, de mais de 30 nacionalidades (Foto: JONATHAN DRUION via BBC)

 



O vice-presidente acredita que em julho já será possível voar com eles novamente. “Estamos nos certificando de que o problema não nos afetará a longo prazo. Temos uma ótima relação com a Boeing e estamos confortáveis com o que estão fazendo para resolver o problema.”

A BBC News, em matéria publicada hoje, citou declarações do CEO da Norwegian, Bjoern Kjos, em que ele avalia em 45 milhões de libras, o equivalente a R$ 230 milhões, o prejuízo já contabilizado com as adaptações em função da paralisação dos 737 MAX 8. Elas incluem a remarcação de voos para vários passageiros e o aluguel emergencial de aeronaves de terceiros.




Fonte: Globo

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