Funcionários da Amazon nos EUA são demitidos por software, revela site

Funcionária em um dos armazéns da Amazon. Empresa tem sistema automatizado que demite pessoas sem participação de supervisores (Foto: John Sommers II/Getty Images)

 

É longa a lista de reclamações trabalhistas que já foram feitas contra a Amazon em seus centros de distribuição nos Estados Unidos pela falta de horas de descanso ou exigências de produtividade. Agora, uma revelação do portal The Verge dá uma ideia da quantidade de pessoas afetadas negativamente pelo esquema de trabalho que vigora na empresa, e mostra ainda que os funcionários respondem não só a superiores, mas também a um software, que pode adverti-los e demiti-los.

O portal teve acesso à documentação enviada pela Amazon em resposta a uma reclamação trabalhista de um funcionário demitido de um armazém na cidade de Baltimore. A companhia detalha, no texto, como funciona o sistema de produtividade nas instalações desse tipo, e quantas pessoas foram demitidas recentemente por não atingir os padrões desejados.

O que mais chama a atenção é a existência de um sistema inteligente que emite advertências, caso um funcionário passe muito tempo sem escanear um produto ou registrar outra atividade. E, no caso de reincidência ou não atingimento de metas, pode demiti-lo.

“O sistema monitora as taxas de produtividade de cada colaborador individualmente, e automaticamente gera avisos ou rescisões em função da qualidade ou produtividade, sem comandos de supervisores”, diz a empresa no documento. O The Verge ouviu funcionários que dizem evitar ir ao banheiro para que não sejam punidos pelo robô.

A Amazon, no entanto, destaca que o sistema inclui uma ferramenta de apelação para o funcionário que é demitido, para que o caso seja revisto por um superior. E que lideranças podem intervir sobre o processo sempre que necessário.

A empresa afirma ainda que promove “retreinamentos” constantemente para que os funcionários com dificuldades consigam melhorar seu desempenho. Ainda assim, diz, cerca de 300 pessoas foram demitidas entre agosto de 2017 e setembro de 2018 apenas em Baltimore, onde trabalham cerca de 2,5 mil pessoas.

Protesto em 2015 em Baltimore por salários maiores na Amazon. Pedido foi atendido pela empresa, que paga um salário mínimo duas vezes maior que o exigido nos Estados Unidos (Foto: Win McNamee/Getty Images)

 



Isso significa uma taxa de demissões de mais de 10% da equipe em pouco mais de um ano, somente por questões de produtividade. Se a mesma média existir em todas instalações da Amazon nos Estados Unidos, que contam mais de 125 mil funcionários, isso significaria milhares de pessoas demitidas todos os anos por não atingir os padrões de produtividade exigidos pela empresa.

A Amazon diz que o número de demissões “diminuiu nos últimos dois anos” tanto na unidade de Baltimore quanto nacionalmente nos Estados Unidos, mas não forneceu os números para embasar essa afirmação.

As metas de produtividade, afirma a empresa, são estabelecidas com base na demanda do consumidor em cada localidade. Elas frequentemente são alvos de reclamações — no ano passado, imigrantes africanos em um armazém em Minnesota organizaram protestos contra a política, dizendo que não tinham tempo para ir ao banheiro ou rezar.

A Amazon, por outro lado, destaca os benefícios de se trabalhar na empresa, como o salário mínimo de US$ 15 a hora de trabalho, mais que o dobro do definido por lei nos Estados Unidos, e sua política de licença maternidade e paternidade.




Fonte: Globo

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