Como os VCs reconhecem e apoiam futuros unicórnios

Boia em formato de unicórnio (Foto: Thai Yuan Lim/EyeEm via Getty Images)

 

Investir em startups é necessariamente uma atividade de risco. Os Venture Capitals (VCs) são empresas especializadas em investir em startups reconhecendo as incertezas. Eles entram quando elas deixam "as garagens" e dão início à rota de ganhar escala. Na Europa, estamos falando de tickets de 5 a 10 milhões de euros.

O VivaTech reuniu três grandes especialistas do mundo dos VCs: Philippe Botteri - Accel, Virginie Morgan - Eurazeo e David Thevenon - SoftBank. Mesmo não se tratando de uma ciência exata, os participantes dessa discussão apresentaram parte da metodologia para reconhecer os investimentos de alto potencial.

Tudo começa com o management
Investir numa startup é acreditar nos seus fundadores. Muito mais do que acreditar em números ou modelos de negócios os VCs sentem "eu quero investir nesses caras!". Na avaliação dos VCs entram dois componentes no quesito gestão: paixão e capacidade de execução.

O founder tem resiliência para trabalhar por anos sem colher os frutos? Como o percurso moldou sua personalidade? Por que ele vibra com esse projeto? Será que ele conta com um time forte e sabe fazer a empresa rodar? Logicamente a abordagem de mercado, o trajeto para o crescimento e os economics serão avaliados. Mas o fundador tem que passar muita confiança e conquistar os investidores de corpo e alma.

Muito além do dinheiro
A startup que consegue receber investimento de um VC ganha muito mais do que o investimento imprescindível para a expansão. Os times dos VCs vão apoiar decisões estratégicas, ajudar a montar times e muito mais. Se a startup precisar de um country manager nos EUA, Ásia ou América do Sul o VC entra em campo. Sem limitar a autonomia e agilidade da startup, os VCs atuam de maneira próxima e trabalham arduamente para aumentar as chances de sucesso, segundo Morgan (Eurazeo). VCs têm perfis diferentes, alguns atuam mais próximos, mas para os fundadores é bom ter em mente que o melhor deal vai além do capital, as competências e a cultura do VC em vista devem ser consideradas.

Quando crescer e gastar é bom
Crescer e gastar na aquisição de clientes é uma condição inerente das startups que estão acelerando suas atividades. Botteri ressalta que a relação entre empresas com alta taxa de crescimento e resultados negativos é natural. Numa ponderação interessante, Morgan avalia que a startup deve apresentar eficácia no seu mercado primário que já conta com algum grau de maturação e correções de rota.

Quando a startup se expande internacionalmente, as dificuldades de entrada num mercado e custos de aquisição mais elevados são normais. Thevenon acrescenta que este percurso foi feito por muitos unicórnios vencedores e que a busca por um tamanho de mercado expressivo é crucial no longo prazo. Os experts ainda citaram os longos anos de muitos vencedores antes do primeiro balanço com lucro.

Os representantes dos VCs ainda reforçaram que há muita colaboração na indústria. Em muitos cenários eles investem nas mesmas startups. O bom alinhamento com os fundadores também se revela fundamental nos anos de crescimento. O "jogo" se ganha junto, somando know-how, capital e capacidade de entrega. Além de financiar a "lavoura", os VCs querem ajudar a plantar e colher os frutos.

*Jean Saghaard é Consultor de Marketing, entusiasta do mundo digital, do atrevimento das startups e dos rebeldes corporativos




Fonte: Globo

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