Projetos incentivam mulheres a ingressarem nas áreas de ciências exatas na UFCG e UFPB


Na UFCG, mulheres são 36% do número de alunos ativos nos cursos de engenharia. Na UFPB, elas são 35% nas ciências exatas. Projeto Engenheiras da Borborema desenvolve visita às escolas e promove atividades como palestras sobre mulheres na engenharia Vanessa Schramm/ Arquivo Pessoal Projetos desenvolvidos na Paraíba tentam desconstruir o paradigma de que cursos nas ciências exatas têm pouca presença feminina. No entanto, elas ainda são minoria e enfrentam inúmeros desafios na busca por representatividade. Na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), por exemplo, instituição de referência em cursos de engenharia, as mulheres representam apenas 36% do número de alunos ativos em alguma das 13 graduações de engenharia ofertadas. Isso significa dizer que pouco mais de um terço dos estudantes das engenharias na UFCG são mulheres, uma vez que, de um total de 4.067 alunos de engenharias, 2.603 (64%) são homens e 1.464 (36%) são mulheres, conforme dados da Pró-Reitoria de Ensino (PRE) da universidade. Como a presença de mulheres ainda está longe de atingir um patamar de igualdade nessa área, é desenvolvido na UFCG, desde 2016, o projeto "Engenheiras da Borborema". Ele é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e visa inspirar as jovens a ingressarem em cursos de exatas, sobretudo de engenharia, encorajando-as a buscarem uma carreira nesta área, a fim de diminuir essa disparidade entre homens e mulheres no segmento e contribuir para a igualdade de gênero. Foi inspirada por esse projeto que a estudante de engenharia de minas, Lívia Laís, 17 anos, fez a opção por este curso, após ter participado de uma ação, quando ainda era aluno da 3ª ano do ensino médio. “Eu nem de matemática gostava e fui logo escolher um curso de exatas para fazer. É que quando conheci o projeto, comecei a me interessar e estudar para a disciplina. Fiquei tirando notas boas e passei para o curso que eu queria. Eu estou no primeiro período, mas não tenho nenhuma pretensão de deixar de fazer engenharia”, comentou. 'Engenheiras da Borborema': incentivo às estudantes para a UFCG Lívia conheceu o projeto no ano passado, durante uma visita de alunas voluntárias do "Engenheiras da Borborema" à Escola Estadual Professor Itan Pereira, localizada no bairro de Bodocongó, em Campina Grande, onde ela estudava. O projeto é voltado para jovens que estão no ensino médio e, por meio de um grupo de voluntárias da UFCG, são desenvolvidas diversas atividades, como visita às escolas para promover palestras sobre mulheres na engenharia, oficinas, sessões de cinema, visitas técnicas e apresentações de projetos desenvolvidos nos cursos. São realizadas oficinas e apresentações de projetos, entre as atividades do 'Engenheiras da Borborema' Vanessa Schramm/ArquivoPessoal O curso escolhido por Lívia, atualmente, é o sexto a apresentar a maior disparidade entre homens e mulheres. De acordo com a PRE da UFCG, há, no curso de engenharia de minas, 55 mulheres e 98 homens, ou seja, 43 homens a mais que mulheres. A situação é ainda mais delicada no curso de engenharia elétrica, que tem 188 mulheres e 712 homens, o que representa uma disparidade de 524 homens a mais que mulheres, deixando-o no topo do ranking da desigualdade de gênero nos cursos de engenharia da UFCG. Na sequência, vem o curso de engenharia civil, que conta atualmente com 267 mulheres e 595 homens, uma diferença de 328 homens a mais que mulheres. Dos 13 cursos de engenharias oferecidos pela UFCG, apenas os de engenharia de alimentos, engenharia química e engenharia de petróleo são formados majoritariamente por mulheres. (Veja ranking na lista abaixo). De acordo com a ONU Mulheres, entidade criada no âmbito das Organizações das Nações Unidas para fortalecer e ampliar os esforços mundiais em defesa dos direitos humanos das mulheres, essa realidade é reflexo de uma desigualdade social e devem ser unidos esforços para modificar o cenário. Segundo a coordenadora do "Engenheiras da Borborema", Vanessa Schramm, as atividades desenvolvidas no projeto estão alinhadas com um dos objetivos da agenda de desenvolvimento sustentável, que foi estabelecida pelas Nações Unidas para os países até 2030, mais precisamente o objetivo 5, que é alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. Ranking da disparidade entre homens e mulheres nas engenharias da UFCG Engenharia elétrica - 188 mulheres e 712 homens (524 homens a mais que mulheres); Engenharia civil - 267 mulheres e 595 homens (328 homens a mais que mulheres); Engenharia mecânica - 43 mulheres e 270 homens (227 homens a mais que mulheres); Engenharia de alimentos - 217 mulheres e 109 homens (108 mulheres a mais que homens); Engenharia de produção - 157 mulheres e 203 homens (46 homens a mais que mulheres); Engenharia de minas - 55 mulheres e 98 homens (43 homens a mais que mulheres); Engenharia agrícola - 53 mulheres e 86 homens (33 homens a mais que mulheres); Engenharia florestal - 48 mulheres e 72 homens (24 homens a mais que mulheres); Engenharia de materiais - 82 mulheres e 102 homens (20 homens a mais que mulheres); Engenharia ambiental - 95 mulheres e 110 homens (15 homens a mais que mulheres); Engenharia química - 131 mulheres e 117 homens (14 mulheres a mais que homens); Engenharia de biossistemas - 51 mulheres e 60 homens (9 homens a mais que mulheres); Engenharia de petróleo - 77 mulheres e 69 homens (8 mulheres a mais que homens); 'Meninas na Computação': UFPB estimula mulheres em exatas Na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) a estatística da participação de mulheres e homens nos cursos de ciências exatas é parecida. Conforme a instituição, dos 1.866 alunos ativos em cursos dessa área, 1.217 são homens (65%) e 649 são mulheres (35%). Os dados incluem cursos dos Centros de Biotecnologia, Ciências Exatas e da Natureza, Energias Alternativas e Renováveis, Informática, Tecnologia e Tecnologia e Desenvolvimento Regional. Projeto “Meninas na Computação”, que trabalha a inserção de meninas na ciência e tecnologia, através da computação Divulgação/Projeto Meninas na Computação Para estimular meninas a seguirem carreira nessas áreas, é desenvolvido na universidade o projeto “Meninas na Computação”, que trabalha a inserção de meninas na ciência e tecnologia, através da computação. Ele é conduzido pelas professoras Josilene Aires e Giorgia Mattos, do Centro de Informática da UFPB, tem o objetivo de despertar a paixão de meninas de escolas públicas da Paraíba pela área. Desde 2014 o projeto desenvolve oficinas de programação de computadores, robótica, desenvolvimento de aplicativos para dispositivos móveis, visitas aos laboratórios da UFPB e debates e palestras sobre equidade de gênero na Ciência e Tecnologia, nas escolas da rede estadual de ensino médio, conforme as coordenadoras. Além de atuar em escolas de João Pessoa, onde a universidade está sediada, o projeto, já desenvolveu ações na cidade de Bananeiras. O projeto também promove intervenções para incentivar meninas a ingressarem nos cursos de exatas, ele busca a melhoria do aprendizado de jovens que estão no ensino médio, nas matérias que são vistas como mais complicadas, a exemplo de matemática e física. A ideia é facilitar o entendimento oferecendo exemplos práticos dos conteúdos das disciplinas.


Fonte: G1

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