Em novo interrogatório, Zaqueu reafirma que ex-governador de MT financiou suposto esquema de escutas telefônicas clandestinas
Sobre as declarações, Pedro Taques disse que confia na verdade e na Justiça. Ex-governador Pedro Taques e Coronel Zaqueu Barbosa. Chico Valdiner/ Gcom-MT A Justiça Militar realizou, nesta terça-feira (16), o reinterrogatório de dois militares suspeitos de participarem de um esquema de escutas telefônicas ilegais. Durante novo depoimento, o coronel Zaqueu Barbosa, ex-comandante da Polícia Militar reafirmou que o ex-governador Pedro Taques (PSDB) e o ex-secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques tanto sabiam como financiaram os grampos telefônicos. Por meio de nota, Pedro Taques disse que a delação premiada é instrumento importante para combater crimes, no estando, o que é falado pelo delator, precisa ser provado. Notadamente em se tratando de delações cruzadas, onde, acusados na mesma ação, acusam um terceiro, sem qualquer prova. "Confio na verdade e na Justiça", afirmou. Paulo Taques não se manifestou sobre as declarações do coronel. Zaqueu confirmou que foi procurado por Pedro e Paulo Taques para interceptar adversários políticos, durante o período eleitoral. Ele contou como foi montada a central de interceptações e que a sugestão é monitorar os adversários por meio dos telefones dos advogados deles. Ele disse ter entendido que após as eleições os equipamentos seriam doados para uso legal, no núcleo de de inteligência da Polícia Militar. Entretanto, segundo ele, as coisas fugiram do controle. Zaqueu teria pedido para deixar de fazer parte do esquema. Dessa forma, o comando da interceptações teria passado para o coronel Siqueira, então chefe a Casa Militar. Zaqueu reconheceu ter participado do processo, mas disse que quer esclarecer que não estava envolvido em todo o andamento das interceptações. O ex-comandante da PM afirmou ainda que câmeras de segurança do Palácio Paiaguás e da casa do ex-governador podem comprovar as declarações e que ele fez e todos as vezes que se encontrou com Pedro Taques para tratar o assunto. Coronel Zaqueu Barbosa durante depoimento em Cuiabá Reprodução/TVCA Evandro Lesco também prestou novo depoimento nesta terça-feira. O reinterrogatório do cabo Gerson Corrêa está previsto para quarta-feira (17). Prisão Zaqueu assumiu o Comando Geral da PM em janeiro de 2015, início da gestão Pedro Taques (PSDB), e pediu a exoneração do cargo exatamente um ano depois. A prisão preventiva dele foi decretada pelo juiz Marcos Faleiros, em maio de 2017, sob o argumento de que o coronel teria dado a ordem para as interceptações telefônicas clandestinas. Zaqueu foi solto em fevereiro de 2018 e passou a ser monitorado por uso de tornozeleira eletrônica O esquema O esquema foi denunciado à Procuradoria-Geral da República pelo promotor de Justiça Mauro Zaque, que foi secretário de Segurança em 2015. Ele diz que recebeu denúncia do caso naquele ano e que alertou o governador Pedro Taques. Agora, a PGR investiga se Taques sabia do crime e de quem partiu a ordem para as interceptações. O governador, por sua vez, nega que tinha conhecimento sobre o caso. Segundo consta na denúncia, pelo menos 80 pessoas tiveram as conversas grampeadas no período em que o esquema funcionou. Entre elas políticos de oposição ao atual governo de Mato Grosso, advogados, médicos e jornalistas. Os telefones foram incluídos indevidamente em uma investigação sobre tráfico de drogas que teria o envolvimento de policiais militares. O resultado dessa investigação, porém, não foi informado pelo governo até hoje.
Fonte: G1
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