Mulheres convivem há anos com dores após cirurgias malsucedidas feitas em mutirão em Criciúma

Ministério Público fez TAC com prefeitura e hospital para garantir operações reparadoras. Município diz que todas as pacientes serão avaliadas. Pacientes acionam Justiça após uso de material indevido em mutirão de cirurgias em SC Em Criciúma, no Sul do estado, um grupo de 34 mulheres convive há anos com dores de cirurgias na bexiga que não deram certo. O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a prefeitura e o Hospital São José para garantir operações reparadoras. O município disse que todas as pacientes serão avaliadas. "Estou usando fralda, estou até com problema no casamento e muita dor", afirmou a dona de casa Sandra Elias Vicente. "Dor, dificuldade para ter relação sexual com meu marido, dor na barriga, pélvica, e até hoje eu estou assim, com dor. Há três anos", afirmou a dona de casa Terezinha Mafioletti. Mutirão Além dos problemas, essas mulheres têm algo a mais em comum: elas passaram por um mutirão de cirurgia realizado pela Prefeitura de Criciúma entre 2014 e 2016, pois tinham incontinência urinária. Na época, as mulheres colocaram um sling, uma espécie de tela pra levantar a bexiga. Mas o material usado é indicado para quem tem hérnia no abdômen. Especialistas dizem que o material é usado por ser mais barato. Mas mulheres reclamam que a tela fica solta. A manicure Cheila Souza Pereira colocou o sling em 2015 e desde então já precisou voltar à mesa de cirurgia. "A primeira foi para colocar a tela, a segunda foi para retirar. Não foi muito bem-sucedida, voltei. A terceira foi para retirar de novo. Não deu certo. A última mesmo que eu fiz, a quarta, o médico me abriu e disse que não achou a tela, que a tela está num lugar que não é apropriado mexer", disse a paciente. Perícia Em Criciúma, 34 mulheres entraram na Justiça pra fazer uma perícia médica. A maioria já foi feita. As pacientes estão à espera do laudo pra comprovar o problema. A Secretaria de Saúde do município disse que o material é aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e que deu problema em cerca de 10% das mulheres que fizeram a cirurgia. O município afirmou também que tem dificuldades de encontrar especialistas na área e que um médico tem vindo de São Paulo para dar assistência às pacientes. "Todas elas foram ou vão ser avaliadas e as telas que necessitarem de uma segunda intervenção cirúrgica serão executadas", declarou o diretor-técnico da secretaria, Ronald Barroso. Enquanto o problema não é resolvido, as mulheres vão levando a vida como podem. "É o nosso sonho ficar com a saúde boa, casamento realizado", resumiu Cheila Pereira. Veja mais notícias do estado no G1 SC


Fonte: G1

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