"As empresas demoram muito para adotar políticas de diversidade"

Executivos debatem importância e dificuldades para implantação de programas de diversidade nas empresas (Foto: ÉpocaNEGÓCIOS)

 

Não é de hoje que a diversidade é considerada um fator essencial de crescimento para as empresas. Mas a verdade é que a implantação de ações nesse sentido tem sido lenta e difícil no Brasil. Isso é o afirmaram executivos da Siemens, Serasa Experian e Mappit no painel "Empatia no Olhar", durante o 4º Congresso Nacional de Liderança Feminina da ABRH-SP (CONALIFE) na última quinta-feira (23/5).

Durante o evento, a engenheira Manzar Feres, vice-presidente comercial da Serasa Experian, falou de sua origem árabe e disse que cresceu cercada por primos homens em uma cultura machista. "Essa experiência foi fundamental para que, anos mais tarde, abraçasse a luta pelo empoderamento feminino no mercado de trabalho. Está comprovado que as mulheres geram mais valor aos acionistas. Além disso, iniciativas de diversidade fazem diferença na atração e retenção de talentos."

Gustavo Venturi, professor do departamento de sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, complementou a fala de Manzar citando uma pesquisa realizada pela universidade com 2.400 estudantes de ensino superior e pós-graduação em 2017. O estudo confirmou que a discrimiação é maior entre mulheres negras, lésbicas e de baixa renda. "Na contramão, faz duas décadas que as mulheres se escolarizam mais que os homens", afirmou Venturi, que foi o mediador do painel.

Segundo a VP da Serasa Experian, as empresas estão avançando em políticas de diversidade, mas a velocidade da mudança não é suficiente para atender as demandas do mercado. "Se evoluirimos nesta velocidade, só atingiremos o equilíbrio entre homens e mulheres em 2080", afirmou.

Entre os motivos para essa lentidão, segundo Manzar, estão os custos da inclusão, que dificultam o convencimento dos altos líderes das companhias. "Se uma companhia adota a licença paternal, assume uma despesa que a concorrente não tem. É difícil avançar nessa área sem políticas públicas."

O CEO da Siemens no Brasil, André Clark, concorda. "O relacionamento das empresas com o Congresso tem de ser reinventado. A digitalização exige que a gente entenda o que dói no cliente. Para ter essa compreensão, precisamos ter diversidade no time", acrescentou.

Licença parental 
A Siemens divulgou no evento a implementação da licença parental para todos os funcionários homoafetivos que adotarem um filho no Brasil. Os custos do projeto serão bancados integralmente pela companhia. 

André Clark vai assumir a presidência da Siemens no Brasil (Foto: Divulgação)

 

De acordo com a Siemens, o responsável pela criança terá direito a quatro meses de licença, com possibilidade de extensão de mais dois. O parceiro, por sua vez, poderá tirar cinco dias de afastamento, com opção de extensão de mais 15. "O que importa para nós é a família, e eles são uma família", afirmou Clark.

A Siemens é uma 210 empresas do país a assinar os Princípios de Empoderamento Feminino da ONU Mulheres, que tem como objetivo promover a equidade de gênero em todas as atividades sociais e econômicas.




Fonte: Globo

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