Cresce o comércio de milhas, um mercado ainda sem regulamentação

Quem tem milhas que não usou pode vender. O mercado é gigantesco. Somente em 2018, os brasileiros movimentaram 245 bilhões de milhas. Venda de milhas para emissão de passagens aéreas cresce no Brasil A crise na Avianca acabou provocando um aumento no preço das passagens aéreas. Exatamente no momento em que um mercado novo, ainda sem regulamentação, tem crescido muito. Viajar de avião está muito caro, isso todo mundo sabe. Em um ano, o preço das passagens subiu 35%. A engenheira civil Winie Ribeiro quase teve que cancelar uma viagem para Maceió por causa do preço do bilhete. “Na época, estava R$ 2.500”, contou. Até que ela ficou sabendo de um site, uma espécie de agência de viagens virtual, que vende passagens aéreas com descontos de 30%, 40%. Só que essas passagens são emitidas com milhas ou pontos que outras pessoas têm em companhias aéreas. Repórter: “De R$ 2.500 você pagou quanto?” Winie: “R$ 1.400. Foi até inferior ao que eu tinha pensando mesmo, planejado de gastar”. Funciona assim: uma pessoa tem milhas que não quer ou não pretende usar. Ela vende as milhas para a agência virtual. A agência, então, usa as milhas para emitir passagens aéreas para os clientes. O administrador Leonardo Ribeiro vendeu milhas pela primeira vez em outubro de 2018. “Minha mãe faz, meu pai, minha esposa, eu tento botar todo mundo para fazer isso até para ser uma renda até que eu vejo, assim, uma maneira prática de ganhar um dinheiro extra”, contou. Esse é um mercado gigantesco. Só em 2018, os brasileiros movimentaram 245 bilhões de milhas. Uma das maiores agências de viagens virtuais do país diz que, em um ano, negociou sete bilhões de pontos. A empresa não revela o percentual da comissão que ganha na emissão dos bilhetes e não para de crescer. “Os programas de fidelidade realmente vêm crescendo bastante no Brasil, eu acho que é um movimento das pessoas começando a entender que aquilo ali é dinheiro parado. Os pontos acumulados, as milhas, você pagou para ter acesso àquilo”, disse Max Oliveira, presidente da Max Milhas. Parece ser um bom negócio para todo mundo, para quem precisa e quer vender as milhas, para a agência que ganha a comissão e para o passageiro que compra um bilhete mais barato. Agora, será que essa transação é segura para todas as partes? E quais são os cuidados que o passageiro precisa ter para não transformar uma viagem em prejuízo e em aborrecimento? A associação que representa o mercado de fidelidade no Brasil afirma que a venda de milhas é proibida pelos programas de pontos. O dono de uma das agências de viagem diz que os questionamentos existem porque esse é um negócio novo. “Com essa inovação que cresce muito rápido, vêm essas dúvidas, eu acho natural. É um mercado totalmente legal, não tem uma lei que proíba, apesar que alguns programas de fidelidade ainda não estão com os seus contratos adaptados, ou seja, você pode fazer o que bem quiser com os seus pontos ou milhas, é o que fala na lei”, explicou Max Oliveira. A advogada Bianca Caetano, especializada em defesa do consumidor do Proteste, confirma que nenhuma lei proíbe a comercialização dos pontos, mas alerta que há riscos, começando por quem vende as milhas para a agência. “Que ele vai passar informações confidenciais, como login e senha do seu programa de fidelidade. Então, a gente não sabe quem vai ter acesso às informações, quantas pessoas terão acesso”. Agora, e quem compra a passagem da agência com milhas? “Levar em consideração, inclusive, as restrições de adquirir uma passagem através de programas de milhas. Ele é muito mais restrito em relação a cancelamento e alteração do voo do que se você comprar direto com a companhia”, afirmou a advogada.


Fonte: G1

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