Confronto em presídio na Venezuela termina em morte; organização denuncia massacre

Confusão teria começado quando detentos fizeram visitantes reféns. Prisões venezuelanas estão superlotadas, denunciam ativistas. Mais de 20 detentos morreram em um confronto em uma cadeia em Acarigua, região central da Venezuela nesta sexta-feira (24). O regime venezuelano chamou o incidente de tentativa frustrada de fuga. Entretanto, grupos de direitos humanos afirmaram que houve um massacre. Ao menos 19 policiais ficaram feridos. Segundo o secretário de Segurança local, Oscar Valero, 355 pessoas estavam detidas na prisão. No entanto, de acordo com a agência France Presse, havia 600 detentos no local com capacidade para apenas 60. "Houve uma tentativa de fuga e uma briga começou entre gangues rivais", disse Valero a jornalistas. "Com a intervenção policial para prevenir a fuga, bem, aconteceram 29 mortes", completou. Venezuelanos com HIV sofrem para conseguir tratamento Detentos detonaram três granadas, que feriram 19 policiais, disse o secretário à agência Reuters. O Ministério da Informação venezuelano não respondeu imediatamente por um pedido de comentário.  A ONG Uma Janela para a Liberdade disse à agência France Presse que os confrontos começaram quando forças de segurança entraram para resgatar visitantes feitos reféns na quinta-feira pelo líder do presídio. Na quinta-feira circulou um vídeo nas redes sociais no qual um detento com uma pistola ameaçava duas mulheres: "é a nossa vida e a das visitas que estão aqui; estamos com os visitantes". "Não tentem entrar porque estou disposto a morrer. Aqui queremos a paz", advertiu o homem, que parecia segurar também duas granadas. Organização questiona versão do governo "Como foi que aconteceu um confronto entre prisioneiros e a polícia, mas só presos mortos?", disse à Reuters Humberto Prado, do Observatório de Prisões da Venezuela, em uma entrevista por telefone. "E se os prisioneiros tinham armas, como essas armas entraram?", questionou. Nos últimos dias detentos estavam exigindo que agentes mediadores do governo os ajudassem a evitar transferências para prisões distantes onde eles não conseguiriam receber visitas de parentes, disse Prado. A violência é comum nos presídios venezuelanos, onde os detentos não deveriam passar mais de 48 horas, segundo a ONG Uma Janela para a Liberdade. Ainda de acordo com a organização, os cerca de 500 centros de detenção existentes na Venezuela abrigam 55 mil detentos, quando a capacidade é para apenas 8 mil. A Venezuela, em disputa política entre o regime chavista de Nicolás Maduro e a oposição liderada por Juan Guaidó, vive a maior recessão de sua história. Já são mais de 5 anos de retração econômica, em meio a um cenário de hiperinflação, aumento da pobreza e de êxodo de venezuelanos para países vizinhos como o Brasil.


Fonte: G1

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