Como empresas e universidades podem falar a mesma língua para inovar
Empresas, universidades e instituições governamentais em geral precisam se entender melhor ao conversar sobre desenvolvimento de produtos e serviços inovadores e o financiamento desse trabalho. Vontade e recursos não fazem essa roda girar. É preciso buscar novos caminhos para que a colaboração seja atrativa para todos -- e para que os seus agentes falem a mesma língua.
Esse é o diagnóstico de um debate realizado durante o Engineering Education for the Future (EEF), evento promovido pelo ITA entre os dias 23 e 25 de maio em São José dos Campos (SP). A mesa discutiu os desafios de desenvolver parcerias e financiamentos voltados à inovação na educação de engenharia.
Zil Miranda, membro da diretoria de inovação da CNI (Confederação Nacional da Indústria) e da MEI (Mobilização Empresarial pela Inovação), lembrou que há entraves sérios para que a interação ocorra. “Muito se fala sobre as parcerias entre universidades e empresas serem fracas. Elas muitas vezes são difíceis”, afirma ela. Entre os obstáculos há diferenças de cultura, de expectativas e de ritmo.
A tendência, segundo a executiva, é que as parcerias funcionem cada vez mais por meio de resolução de desafios específicos (definidas como “mission oriented” em países como os EUA). Ela destaca também a multidisciplinaridade e o estímulo ao empreendedorismo dentro das universidades.
Também há que se explorar novas formas de abordar as empresas, segundo o Brigadeiro Luiz Sérgio Heinzelmann, presidente da Fundação Casimiro Montenegro Filho (FCMF). Ele cita como exemplo a formação de uma rede de ex-alunos. Por estarem inseridos no mercado e nas empresas, eles podem ajudar a atrair interesse das companhias para as oportunidades de parceria com a academia.
O diálogo, contudo, não funciona sem que se mostre a viabilidade e a aplicação dos projetos. Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), afirma que é comum que pesquisadores tentem apresentar suas ideias sem antes investigar quem as compraria. “É preciso melhorar os projetos e seus planos de negócios”, diz ele.
Por fim, também seria necessário equilibrar a disponibilidade de capital público e privado para esse âmbito. O desafio, segundo Jefferson Gomes, presidente do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), envolve rediscutir o direcionamento do dinheiro público e estimular maior interesse da indústria e do mercado. “Nosso percentual de capital aplicado em inovação e pesquisa não é muito diferente do de outros países, mas não temos complementaridade do setor privado”.
Fonte: Globo
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