Valor captado por financeira clandestina de Novo Hamburgo deve passar de R$ 1 bilhão, aponta Receita Federal


Empresa com 55 mil clientes em 26 estados prometia retorno de 15%, ao menos, no primeiro mês de aplicação. Após ação da PF com dez prisões e apreensões de vários bens, RF identificou novas transações bancárias suspeitas e compras de imóveis. Investidores são investigados pela Receita Federal Auditores fiscais descobriram mais práticas criminosas entre sócios de uma financeira clandestina, que captava recursos de terceiros, sem a autorização do Banco Central, e investia no mercado de criptomoedas. O valor captado por eles deve passar de R$ 1 bilhão, segundo cálculos da Receita Federal. De acordo com a Polícia Federal, a empresa, com sede em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, tinha 55 mil clientes em 26 estados do Brasil. Cerca de 80% deles teriam investido até R$ 20 mil. O grupo prometia retorno de 15%, ao menos, no primeiro mês de aplicação. Carros apreendidos na operação lotaram quadra da Superintendência da PF em Porto Alegre Reprodução/RBS TV Uma operação realizada nesta terça-feira (21) resultou em 10 prisões, e na apreensão de dinheiro e vários bens, como 36 veículos e 1 kg de pedras preciosas. Após as apreensões, a Receita Federal identificou novas transações bancárias suspeitas e compras de imóveis. Segundo as investigações, o dinheiro dos investidores se foi usado ainda para comprar bens pessoais de alto valor. Entre eles, uma mansão em um condomínio de luxo em Novo Hamburgo, outra casa em um bairro nobre da cidade e o mais caro: um apartamento na Avenida Beira Mar, em Florianópolis, avaliado em R$ 7 milhões. "Identificamos pelo menos mais três imóveis, identificamos uma transferência de R$ 500 mil que seria no mínimo a entrada de uma casa adquirida num condomínio da região, outra aquisição de uma extensão de terras colocada no nome de um parente de um dos sócios, como tentativa de ocultação", relata o auditor da Receita Federal Eduardo Godoy Correa. "E também pagamentos a uma construtura de Santa Catarina, que seria para aquisição de apartamento, no mínimo um, em Itapema. Possivelmente seja mais de um", acrescenta. Mansão em Novo Hamburgo comprada por sócios de financeira irregular de Novo Hamburgo Reprodução/RBS TV Os gastos elevam perigosamente o risco de calote aos investidores. Levantamento da Receita Federal aponta que existe um rombo que varia entre R$ 300 milhões e R$ 500 milhões, que não será devolvido aos clientes da financeira. Só em esmeraldas, uma das pedras preciosas mais caras, uma única pessoa gastou R$ 1,7 milhão. Em apenas quatro relógios masculinos, foram R$ 481.250. Entre os 13 carros de luxo apreendidos, um vale mais de R$ 500 mil. O delegado de combate à corrupção e crimes contra sistema financeiro nacional da PF Eduardo Dalmolin Bollins afirma que investigados da Operação Egypto acumularam uma fortuna. "Temos pessoas ali que, em pouco menos de um ano, partiram de menos de R$ 90 mil para mais de R$ 32 milhões. Isso [em] patrimônio declarado para a Receita Federal." Na operação, a PF apreendeu mais de R$ 1 milhão em dinheiro vivo, além de uma máquina de fabricar dinheiro virtual, a chamada criptomoeda, um código virtual usado em transações pela internet. "O investimento em criptomoeda por si só não e crime. O crime é determinadas pessoas captarem dinheiro de terceiros e gerir esse capital", explica o superintendente da PF no RS, Alexandre da Silveira Isbarrola. "Geralmente quando se oferece um rendimento muito acima do mercado, as pessoas têm que desconfiar e investigar se esta empresa é uma empresa que tem lastro, é uma empresa que está autorizada a operar no mercado para não cair em armadilhas", aconselha. O auditor da Receita Federal também avisa: "Que sirva de lição, que não existe mágica, não existe ganho fácil."


Fonte: G1

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