Extrema-direita e antifascistas protestam nos EUA separados pela polícia


Um grupo de manifestantes conseguiu romper o cordão policial e marchar pelas ruas portando tacos de beisebol e bandeiras rubro-negras usadas pelos movimentos anarquistas. Membro de um grupo Alt-Right agarra integrante de grupo Antifa durante manifestação ‘Demand Free Speech’, em Washington DC, no sábado (6) Andrew Caballero-Reynolds/AFP Personalidades da extrema-direita dos Estados Unidos se reuniram neste sábado (6) em uma praça central de Washington. Ao mesmo tempo, cerca de 300 antifascistas protestavam contra sua presença sob o olhar atento de um cordão de isolamento formado por policiais, que separava os dois eventos. A rua 14 de Washington se transformou na fronteira entre as duas manifestações: de um lado, em um parque a 600 metros da Casa Branca, havia centenas de ativistas com bandeiras de arco-íris e camisetas pretas com a frase "Black Lives Matter" (vidas negras importam). Do outro, na Freedom Plaza, personalidades da extrema-direita faziam discursos incendiários sobre um palanque enquanto eram ovacionados por dezenas de pessoas com bonés vermelhos. Neles, o lema de campanha do presidente Donald Trump: "Make America Great Again" (Faça a América grande de novo). Os policiais de Washington cercaram os dois grupos e tentaram fazer com que ninguém cruzasse a rua para passar de uma concentração para a outra. Além disso, o trânsito foi interrompido com a colocação de caminhões para bloquear a entrada de cada rua. Homem é detido por policiais após briga durante manifestação ‘Demand Free Speech’, em Washington DC, no sábado (6) Andrew Caballero-Reynolds/AFP Apesar dessas medidas, um grupo de manifestantes - vestidos com roupas pretas e com a cabeça coberta por capuzes e capacetes - conseguiu romper o cordão policial e marchar pelas ruas portando tacos de beisebol e bandeiras rubro-negras, usadas pelos movimentos anarquistas e sindicalistas. Esses ativistas se dispersaram sem que conseguissem chegar à praça onde os simpatizantes da extrema-direita realizavam seu ato, que tinha como objetivo exigir "liberdade de expressão". Redes sociais A intenção da extrema-direita é protestar contra o suposto "veto" que os gigantes das redes sociais, como o Twitter, impuseram sobre personalidades polêmicas da direita radical, explicou à Agência Efe Tim Fazenbaker, um dos oradores do evento e candidato republicano ao Congresso nas eleições de 2020. "Eu mesmo fui vítima das tentativas de bloquear a liberdade de expressão", comentou Fazenbaker, que tem uma página no Facebook chamada "America First" (EUA em primeiro lugar) que teve seu conteúdo restringido pela rede social. Também participou do ato Laura Loomer, quem o Facebook e o Instagram negam acesso por conta de mensagens contra muçulmanos e a divulgação de teorias da conspiração, muitas delas relacionadas com massacres cometidos com armas de fogo. Teoria da conspiração Entre o público estava Tracy Wright, uma mulher de 66 anos, originária do estado da Geórgia e que viajou durante 11 horas em seu carro até Washington. "Estou aqui para apoiar o presidente, estou aqui para falar com outras pessoas que, assim como eu, despertaram", assinalou a mulher. Tracy Wright explicou que "despertou" em novembro de 2017 quando começou a "entender o que realmente estava acontecendo", graças a uma teoria da conspiração chamada "QAnon", cujos seguidores acreditam equivocadamente que Trump enfrenta um "estado criminoso profundo" que atua contra ele. Teóricos da conspiração, como Tracy Wright, se misturaram durante o evento com pessoas cobertas pela bandeira dos EUA e homens que, no antebraço, exibiam tatuagens com as palavras do grupo radical "Proud Boys" (Rapazes Orgulhosos), que a organização de direitos civis Southern Poverty Law Center define como um movimento de ódio. Há algumas semanas, assim que o evento da extrema-direita começou a ser organizado, por volta de 20 de organizações progressistas formaram uma coalizão destinada a convocar uma contramanifestação para deixar claro que na capital dos EUA, "não há lugar para os supremacistas brancos".


Fonte: G1

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