Bolsonaro fará reunião com ministros e responsáveis pela política de preços da Petrobras

Encontro foi marcado após presidente determinar que a Petrobras desistisse do aumento do preço do diesel nas refinarias. Bolsonaro também voltou a dizer que política do governo é de "não intervenção na economia". O presidente Jair Bolsonaro afirmou na noite desta sexta-feira (12) que convocou ministros e os responsáveis pela política de preços da Petrobras para uma reunião. O encontro foi marcado após a estatal, por ordem de Bolsonaro, desistir de aumentar o preço do diesel nas refinarias, determinado horas antes. A decisão foi mal recebida pelos investidores, e a Petrobras perdeu R$ 32,4 bilhões em valor de mercado. A reunião foi marcada para terça-feira (16), e participarão do encontro com a equipe técnica da Petrobras os ministros Paulo Guedes (Economia), Tarcísio Freitas (Infraestrutura) e Bento Albuquerque (Minas e Energia). Ao anunciar o encontro, Bolsonaro também afirmou que a política do governo é de "mercado aberto e de não intervenção na economia". Mais cedo, o presidente já havia afirmado que não defende práticas "intervencionistas" nos preços da estatal. Segundo o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, na reunião serão discutidos os aspectos técnicos da decisão da Petrobras que levou ao anúncio do reajuste de 5,7% no preço do óleo diesel nas refinarias. Interferência Bolsonaro manda suspender aumento do preço do diesel A Petrobras desistiu na noite de quinta-feira (11) do aumento do preço do diesel nas refinarias anunciado mais cedo. O recuo na decisão da companhia ocorreu após uma determinação do presidente Jair Bolsonaro. Para justificar a manutenção do preço, a estatal afirmou que há margem para postergar o aumento do diesel por "alguns dias". Depois do anúncio do aumento, Bolsonaro determinou que a companhia revisasse a alta no preço do combustível. Ele disse que telefonou para o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, e pediu justificativa baseada em números. "Se me convencerem, tudo bem, se não me convencerem tudo bem. Não é resposta adequada para vocês, não sou economista, já falei", disse Bolsonaro durante viagem a Macapá. A interferência, no entanto, foi mal recebida pelos mercados. As ações da estatal na Bovespa tomaram um tombo de mais de 8% no pregão desta sexta, fazendo a empresa perder R$ 32,4 bilhões em valor de mercado. Paulo Guedes ‘Não tenho informação suficiente’, diz Paulo Guedes sobre veto de Bolsonaro ao reajuste do Nesta sexta, o ministro da Economia, Paulo Guedes, se negou a comentar a decisão do presidente de barrar o reajuste. "Eu não sei nem do que vocês estão falando", disse Guedes, questionado se havia sido consultado por Bolsonaro sobre a decisão. Guedes afirmou ter passado "o dia todo trabalhando", e não ter informação suficiente sobre o assunto. "Eu tenho um silêncio ensurdecedor para os senhores", disse o ministro, diante da insistência dos jornalistas. Petrobras Decisão de Bolsonaro sobre preços da Petrobras desvaloriza ações A Petrobras afirmou no início da noite desta sexta, em esclarecimento enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que a decisão de reverter o reajuste do diesel foi tomada após a avaliação de que as condições permitiam um espaçamento por mais alguns dias no reajuste do preço do combustível. Na nota, a estatal afirma que, diante do anúncio do reajuste, e de ameaças de uma nova paralisação dos caminhoneiros, foi alertada pela União para o possível agravamento da situação. O governo teria também solicitado esclarecimentos à Petrobras sobre o reajuste proposto. "A Companhia, então, revisitou sua posição de hedge (um mecanismo de proteção financeira) e avaliou que as operações contratadas na quarta-feira (10/04/19) permitiam um espaçamento por mais alguns dias no reajuste do preço do diesel", afirma a estatal na nota. Incertezas Ações da Petrobras caem mais de 8% após interferência do governo A decisão trouxe incerteza com relação ao perfil liberal da administração Jair Bolsonaro e coloca em dúvida os passos futuros do governo na agenda econômica, segundo os analistas ouvidos pelo G1. Paulo Guedes é o maior expoente desse liberalismo no governo. "Vai caindo a ficha de que a perspectiva liberal do governo pode não ser tão segura como se esperava", afirma o economista-chefe do banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves. A principal preocupação dos investidores é que o governo Bolsonaro adote medidas similares às que foram praticadas em gestões passadas, quando o governo optou por não reajustar preços administrados, como dos combustíveis e da energia elétrica, gerando perdas às empresas desses setores.


Fonte: G1

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